À frente da Best Burger & Co., o chef e empresário Carlos Bertolazzi une sua paixão pela gastronomia com a visão estratégica de quem entende o mercado de food service como poucos. Reconhecido nacionalmente por sua atuação na televisão e no universo da culinária italiana, Bertolazzi, hoje, se dedica a expandir uma rede de hamburguerias que aposta em qualidade, experiência de marca e inovação constante. Em entrevista a Revista Perfil, ele fala sobre os desafios de empreender no Brasil, o futuro do segmento de casual dining e como transforma sabor em negócio de sucesso.
A Best Burger & Co. está em expansão em Santa Catarina e outras regiões. Como você enxerga esse crescimento e quais foram os maiores desafios dessa jornada?
Vejo como um crescimento com “pé no chão” e obsessão por consistência. Expandir é fácil; manter padrão é o desafio. A gente apanhou em três frentes: logística de insumos, treinamento para replicar nosso jeito de fazer e pressão de custos e taxas de marketplace. Viramos a chave com centralização de compras, manuais vivos de operação, auditorias surpresa e uma cultura de “loja escola” para formar times locais.
Você é conhecido por sua trajetória como chef e apresentador de TV. De que forma essa visibilidade e sua experiência na alta gastronomia influenciam a gestão da rede de hamburguerias?
Traz tráfego e confiança, claro — mas o que muda o jogo é disciplina de cozinha aplicada ao varejo: mise en place de processos, precisão de ficha técnica e respeito ao tempo do cliente. A vitrine abre portas; a execução diária mantém a fila. Eu uso a audiência para contar a nossa história e educar paladar, mas, internamente, cobro padrão, custo e hospitalidade.
O mercado de hamburguerias artesanais é bastante competitivo. Quais são os diferenciais da Best Burger & Co. que conquistam o cliente?
O mercado de hamburguerias artesanais é lotado de opções, mas o que faz a Best Burger & Co. se destacar é a soma de sabor com consistência. Nosso blend, a forma como trabalhamos a chapa e a simplicidade de tempero criam um burger com identidade própria, que você reconhece na primeira mordida. Não é só sobre receita: é garantir que cada loja entregue exatamente a mesma experiência, do ponto da carne ao pão. No fim, o cliente sente quando é de verdade, e é isso que conquista.
A inovação é um pilar forte no setor de alimentação. Que estratégias vocês têm adotado em termos de cardápio, experiência do consumidor e expansão da marca?
A inovação é um pilar que a gente leva a sério, porque manter o cardápio vivo e a experiência fresca faz diferença. No menu, usamos dados para entender mix e margem, mas deixamos espaço para criar: edições sazonais e novidades que mexem com o paladar, como variações de smash, pães e pontos de acidez ou doçura que testamos antes de lançar.
Na experiência do cliente, pensamos em cada detalhe: lojas que têm personalidade e são convidativas, trilha sonora boa, embalagens que mantêm o burger perfeito até chegar em casa e um serviço rápido. E, na expansão, estamos nos preparando para iniciar uma nova fase: estruturamos compras centralizadas, definimos parceiros estratégicos e criamos um controle de qualidade itinerante para garantir que cada nova unidade mantenha a essência da marca. Essa combinação de criatividade, planejamento e execução é o que sustenta nosso crescimento sem perder identidade.
Como você enxerga o papel da inovação e da gestão de pessoas na consolidação da Best Burger & Co.?
Hoje, ser competitivo passa menos por slogans e mais por encarar a realidade: reter gente boa está duro. O mercado disputa o mesmo profissional, o custo de vida aperta, os horários de foodservice são ingratos e a flexibilidade dos apps seduz. A inovação, pra mim, começa em simplificar a operação para reduzir o desgaste do time — menos SKUs, estações de trabalho bem desenhadas, rotina clara de abertura e fechamento, equipamentos em dia. E, principalmente, ambiente de respeito e autonomia, onde a regra é clara e igual pra todos. Inovação aqui é tirar atrito do trabalho e dar condições para o time entregar o que sabe — porque marca forte ajuda a contratar, mas é a rotina justa que faz alguém ficar.
Quais métricas e indicadores são fundamentais para avaliar o sucesso da rede?
Para medir o sucesso da rede, olho primeiro para o que realmente mostra saúde do negócio: vendas consistentes, margem que se sustenta e clientes que voltam. Acompanho de perto o faturamento por loja, o ticket médio e o custo dos ingredientes para manter o equilíbrio entre preço e qualidade. Também presto atenção no tempo de preparo e na satisfação de quem passa pelo balcão ou recebe em casa, porque a experiência do cliente é o termômetro mais honesto. No fim, são esses sinais simples — gente feliz, operação redonda e caixa saudável — que dizem se estamos no caminho certo.
Olhando para o futuro, quais são os próximos passos da Best Burger & Co.? Há planos de levar a rede para além de Santa Catarina e consolidar a marca nacionalmente?
Consolidar a região Sul e depois expandir por todo país, abrir pra novas praças com parceiros certos (não os mais apressados), fortalecer canais próprios (fidelidade e CRM) pra reduzir dependência de marketplace, pilotar formatos (quiosque, drive e evento), e seguir construindo marca nacional com gosto de burger na chapa — quente, honesto e com personalidade. Quando a base estiver sólida, a expansão é consequência, não objetivo.
“O mercado de hamburguerias artesanais é lotado de opções, mas o que faz a Best Burger & Co. se destacar é a soma de sabor com consistência.”
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