Entrevista com o azeitólogo e sócio-proprietário do Olivas de Gramado, André Bertolucci

E também novo diretor de Olivoturismo do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva)

Em entrevista exclusiva a Perfil, André destaca as incríveis experiências oferecidas pelo parque. Desde a sua criação, o parque tem se destacado por proporcionar aos visitantes momentos únicos e inesquecíveis em meio à natureza exuberante de Gramado na Serra Gaúcha.


As diversas atrações oferecidas, paisagens deslumbrantes, atividades interativas e uma variedade de atividades ao ar livre, demonstram o compromisso do parque em oferecer uma jornada emocionante e envolvente para todas as idades.
O parque tem sido pioneiro em práticas sustentáveis, priorizando a preservação do meio ambiente e contribuindo para a conscientização sobre a importância da conservação da natureza.

Como surgiu o Parque Olivas de Gramado?

Essa terra era uma área de plantio de Pinus elliottii. A família era sócia, junto com outras três famílias, dentro de uma madeireira. Desde 1979, uma fração dessa terra pertence a nossa família. Quando fechou a madeireira houve a divisão. Nós ficamos com o menor pedaço, que é a ponta do morro. Era uma terra ruim de plantar, não tinha a acessibilidade que tem hoje e nós tiramos os Pinus elliottii e começamos a pensar no que iriamos fazer.


Nós deslumbramos toda essa vista maravilhosa, vimos um potencial para poder criar um empreendimento turístico, onde as pessoas poderiam ter um contato maior com a natureza e com um novo tipo de cultura.

Como o meu pai e nós também, conseguimos viajar para alguns locais onde já existem ações relacionadas a olivoturismo, surgiu a ideia de se implantar um olival aqui nessa terra, que tinha 154 hectares e tirando a parte de área de preservação permanente, era uma terra muito grande pra se plantar. Então, a gente apostou na olivicultura, mesmo tendo pouco conhecimento técnico-científico, tanto via Emater, quanto via Embrapa, estava iniciando a retomada da olivicultura no Brasil.


Claro que, veio lá com os portugueses, no início da colonização. Depois ela se esvaiu quando Dom João VI voltou e mandou cortar todas as árvores de oliveiras para não se criar um polo competidor com Portugal. Depois, no período pós-guerra, os italianos que imigraram, trouxeram algumas mudas. Em algumas partes aqui do Rio Grande do Sul e também em Minas Gerais, havia o cultivo, mas, de azeitonas de mesa, diferente de azeitona para extração de azeite. Depois, no período de Getúlio Vargas, houve um incentivo à olivicultura, mas, também isso se perdeu e só voltou nos últimos 15 anos.


Então, nós entramos nessa vanguarda da retomada da olivicultura no Brasil, mesmo não estando dentro do mapa feito pela Embrapa de Pelotas, onde se dizia quais eram as áreas propícias para se plantar olivais, e nós estávamos fora em função de alguns fatores que dificultam esse processo.

Mas, mesmo assim nós acreditamos, buscamos conhecimento no exterior, saímos pra estudar, pra aprender como se faz pra se implantar um olival, pra se extrair um azeite e pra se fazer olivoturismo que, até então, era inexistente no Brasil.

Como Gramado já foi uma terra que criou alguns produtos que são referências como: Os móveis, as malhas o café colonial, a fondue e o chocolate, chegou o momento de se criar algo novo, algum produto que também fosse uma referência, dentro do escopo de produtos agregadores dentro do destino Gramado. Porque quando se escolhe um destino turístico se leva em consideração diversos fatores: acessibilidade, rede hoteleira, o centro de comércio, os parques, o entretenimento, a rede gastronômica e também, os produtos que possam agregar valor a esse destino turístico. Então, o azeite de oliva, por ser algo nobre, a gente vislumbrou essa possibilidade de criar um produto novo e um tipo de turismo diferenciado e que vem do Agro. Apostamos no olivoturismo e nesses cinco anos já conseguimos consolidar o nome do Olivas de Gramado entre os principais parques turísticos aqui do Rio Grande do Sul e também do Brasil.

Fale sobre a experiência, quais são os atrativos que o visitante pode encontrar no parque?

Exatamente isso, a palavra é essa: experiência. Porque quando o turista visita um local ele precisa ter algo que fique na sua memória, que faça parte das suas recordações. Isso é importante, pra nós que fazemos turismo, que a pessoa lembre e tenha na memória a experiência que ela vivenciou com a sua família, com seus amigos, aqui no Olivas de Gramado.

Então, nós temos diversas atrações para poder gerar esse tipo de experiências diferenciadas. Temos a degustação sensorial harmonizada de azeites, na qual os nossos visitantes poderão degustar até oito tipos de azeites, todos eles harmonizados, vão ter uma miniaula sobre olivicultura, sobre análise sensorial e sobre as harmonizações e isso é importante pra criação da cultura de consumo de azeite de oliva no Brasil, ensinar o brasileiro a reconhecer o que é bom e o que não é. Tem a nossa mini fazendinha, onde a gente recriou o Marco Zero de Gramado, que vem lá da Revolução Federalista de 20. Em cada casinha tem um mini animal e as crianças podem ter um contato mais direto com os bichinhos.

Tem a casa do Robbit, que é algo mais lúdico, é uma referência ao Senhor dos Anéis, recontando um pouco da história. A proposta é que as crianças tenham uma imersão nesse viés rural, colonial, que a gente tanto prega aqui. Temos a horta orgânica, que fornece insumos para o nosso restaurante. Criamos um cardápio na nossa Trattoria, que é o primeiro cardápio duplamente harmonizado com vinhos e azeites, do Brasil. Criamos todos os pratos com um resgate da culinária colonial dos imigrantes, junto com um pouco do Mediterrâneo e com receitas familiares.


Temos também, o nosso sunset que ocorre no final da tarde, com diversas atrações musicais, os jovens curtem bastante, a gente faz um ritual de contemplação ao pôr do sol, que é um dos pores do sol mais lindos do Brasil, é extraordinário! Temos as bikes voadoras que é a nova atração do parque, onde as pessoas podem percorrer um trajeto de 720 metros com picos de altura de até 22 metros, com bikes suspensas, é um passeio sobre o Olival, com uma vista incrível.

Temos o tour rural, a nossa jardineira que leva os visitantes até o Bosque Encantado, que é um local criado pra contemplação, apreciação, pra ter uma inserção maior junto à natureza, um local lúdico, onde fazemos algumas intervenções para que as pessoas possam tirar todo aquele estresse, aquela carga da correria do dia a dia e possam simplesmente respirar e relaxar. Esse é o conceito do Bosque. E agora, pretendemos fazer mais algumas atrações específicas, para aquele local, algumas ações de meditação, de yoga e novas ideias que estão surgindo para fazermos com que aquele local também seja um dos principais pontos de visitação dentro do Olivas de Gramado.



Além de tudo isso, temos as trilhas ecológicas, onde as pessoas podem percorrer, são autoguiadas, com uma aula de ecologia, as pessoas podem ver o que cada árvore é e vislumbrar essa mata nativa maravilhosa que circunda todo o parque e relaxar fazendo um esporte com esse viés de turismo de aventura e ecoturismo.

O parque contempla diversas formas de experiências, para distintos públicos, desde os jovens, passando pelas famílias e também a terceira idade que tem cada vez mais marcado presença aqui. 

“Nós deslumbramos toda essa vista maravilhosa, vimos um potencial para poder criar um empreendimento turístico.”

 

 


Perfil Turismo | Olivas de Gramado

@olivasdegramado


Fotos: Sergio Azevedo



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