Se depender do exemplo delas, vai ser cada vez mais comum encontrar mulheres empreendendo e fomentando negócios.
Com uma veia empreendedora e visionária a empresária Viviane Areal, à frente da Rede SuperPrix de Supermercados do Rio de Janeiro, compartilha sua jornada profissional, evidencia a ascensão da rede que gera renda e emprego, aliado ao fomento de grandes negócios. Confira!
“Entender que garra, resiliência,
erros e acertos acontecerão no meio do caminho.”
Dados indicam que 90% das empresas no Brasil possuem perfil familiar. Com isso, elas chegam a representar cerca de 65% do PIB e são responsáveis por empregar 75% dos trabalhadores no país. Para você, como é atuar numa empresa familiar, com grandes resultados, em ascensão e crescimento, como a Rede SuperPrix de Supermercados? Fale-nos sobre o início da sua jornada?
Eu iniciei na faculdade de economia, primeiramente. Comecei a fazer estágio em bancos, mas eu sempre quis trabalhar com meu pai, que tinha um negócio próprio, trabalhava com alimentos, mas não era varejo.
E ele me falava: “Minha filha, você quer trabalhar com varejo, primeiro você tem que conhecer pessoas. Conheça pessoas e depois você conversa comigo.” Então, eu resolvi largar os estágios de banco e fui ser vendedora de loja de roupas, era muito tímida, a primeira semana foi muito desafiadora, mas em um mês eu já era a melhor vendedora da loja.
Meu pai resolveu montar uma loja de supermercado, chamou dois amigos pra montarem com ele. Na verdade, ele foi o sócio capitalista, e eu participei desde a escolha do primeiro ponto, do layout da primeira loja, fazendo pesquisas, sendo curiosa.
Eu fiquei ali desde o início, estou desde a fundação do SuperPrix que foi em 1998. Acompanhei tudo, toda a reforma, todo o projeto, no início eu comprava, contava dinheiro, negociava com os fornecedores na própria loja, contratava funcionário, colocava a mão na massa. Isso me deu um diferencial muito bom, porque assim, eu conheci todos os setores e particularidades de uma operação. Quando abrimos a segunda loja, eu fiquei numa loja e o filho do outro sócio ficou na outra. E assim administramos até o terceiro estabelecimento.
Quando negociamos a quarta loja, e vimos que tinha que começar a centralizar a empresa, criamos o escritório. Por ser economista, gostar de processos, de controle, fui criando todos os processos financeiros, comerciais, contábeis, acompanhava muito de perto, fomos criando tudo. Claro, entendendo como é que a concorrência funcionava, pesquisando, estudando, viajando, fomos crescendo.
Isso me deu uma percepção muito grande do negócio, pois eu participei de todas as lojas. É claro que nas primeiras lojas até a terceira eu consegui fazer de tudo, se eu tivesse que ficar no check-out, sentada como operadora de caixa, digitando mercadoria ou tivesse que limpar o chão, eu limpava, conheci muito da operação.
O caminhar sendo a responsável como CEO, tem o lado bom e o lado ruim. O bom é que você acaba tendo um pouco mais de autonomia, mas em contrapartida a responsabilidade é muito grande. Claro que em alguns momentos isso se mistura, e aí meu pai costuma falar o seguinte: “as brigas que a gente tem aqui dentro da empresa, ficam aqui, quando a gente estiver no ambiente familiar, nós somos pai e filha. Você é uma profissional, eu sou acionista”. Aprendi muito com essa postura dele, tivemos momentos muito difíceis, até hoje a empresa está muito estruturada, muito profissionalizada, não chega a ter um conselho de administração, mas ela tem Head e gestor em cada área.
A gente tem muito cuidado com isso, em trazer profissionais que realmente façam diferença pro negócio e também estamos sempre buscando pessoas para trazerem mais diferenciais. O network, a troca de informação, é fundamental!
A empresa tem como base de trabalho o atendimento de qualidade com foco no cliente, bem como o cuidado com aqueles que contribuem com os resultados do dia a dia, que são os colaboradores. Essa é uma marca do SuperPrix?
Em se tratando de supermercado de bairro, ou seja, de vizinhança, sempre entendemos que ter qualidade no atendimento e um mix de produtos é fundamental. Uma das premissas básicas de treinamento é o atendimento, e dizíamos o seguinte: “O cliente tem nome, sobrenome e CPF”. Falando em CPF, começamos com o CRM em 2015, e o e-commerce em 2000.
E falar de CRM (Gestão do Relacionamento com o Cliente) compra identificada, cadastrar o cliente, em 2015, a nível de Rio de Janeiro e regional, isso não exigia, praticamente, uma única rede no máximo. O CRM explodiu no Rio de Janeiro na pandemia, temos 70% da nossa compra identificada. Trabalhamos muito isso, são nossas premissas básicas. Outra questão, sempre tivemos uma padaria e uma adega muito diferenciada. Por que pagaria? Porque traz muita recorrência de compra. Quem chega pra comprar o pão, vai levar outros itens. Esses pontos sempre foram muito importantes, além de outros como limpeza, lojas modernas, é uma estrutura muito diferenciada.
“O perfil do consumidor de hoje é de transitar por todos os canais e dessa forma,
ele precisa viver uma experiência excelente em todos.”
Muitos foram os investimentos da Rede SuperPrix nas lojas físicas e nas vendas no digital em todo seu ecossistema. Quanto isso foi importante para uma melhor experiência e a proximidade do consumidor?
O perfil do consumidor vem mudando a cada dia.
Seja pelos últimos acontecimentos sociais, políticos, econômicos, ou pela chegada das novas gerações. O Prix sempre esteve atento aos impactos que essas transformações trazem pro mercado e isso também é um grande diferencial. Nesse processo de se reinventar, optou-se por uma empresa verdadeiramente omnicanal, o que não existia no Brasil, no Rio de Janeiro principalmente, que era o cliente transitando, dependendo do seu perfil de consumo no momento, da sua necessidade do momento, se ele vai comprar pelo e-commerce, na loja física ou pelo telefone, nós sempre prezamos por isso. E o perfil do consumidor de hoje é de transitar por todos os canais e dessa forma, ele precisa viver uma experiência excelente em todos.
Costumamos trabalhar muito essa experiência do consumidor, através do CRM, através do 70% da compra identificada, e o nosso objetivo é chegar a 95%, entendendo pelas plataformas digitais, em que momento, que mix de produtos ele compra em cada momento, que ele transita no nosso canal, tentar atingi-lo dessa maneira e também saber o que mais a gente precisa ter para agradá-lo.
Um ponto importante para contribuir, para entender a “pegada” do Prix e a minha como gestora de inovação, é a mentoria da Gestão 4.0, ter o Alfredo Soares como mentor. Acredito que saber fazer as escolhas certas, em cada momento da trajetória da empresa, é fundamental para agregar valor.
As mulheres, muitas vezes, exercem várias funções ao mesmo tempo. Entre o cuidado com a família, o trabalho profissional e outras atividades. Pode nos contar como distribui seu tempo ao longo da semana?
Eu distribuo o tempo entre trabalho, família, esposa e mulher cuidando de mim.
“Acredito que saber fazer as escolhas certas,
em cada momento da trajetória da empresa,
é fundamental para agregar valor.”
Eu nunca estou completa 100%, mas todos os lados me completam. Quando eu comecei a minha trajetória eu tinha 20 anos, era mulher num segmento totalmente machista, com predominância masculina. O início foi muito difícil, eu tinha que me impor, impor as minhas ideias diferentes, porque eu gosto de trabalhar as premissas diferentes, eu passei por tempos muito difíceis, mas também aprendi muito, aprendi a ser resiliente, a acreditar naquilo que eu defendo e a entender como convencer os demais. Eu sou uma pessoa muito ativa, eu gosto de fazer e já faço isso há mais de 15 anos. Sou mãe, tenho dois filhos e um já está quase se formando. Eu tento distribuir meu tempo de acordo com as necessidades e as prioridades do momento.
A Revista Perfil ajuda jovens na escolha e na construção de suas vidas profissionais.
Com a crescente automação e, ao mesmo tempo, com uma enorme ampliação das oportunidades, o que você recomenda aos adolescentes sobre como organizar suas escolhas?
O que eu recomendo para os jovens é que tenham uma educação mais generalista, focando naquilo que eles têm aptidão, mas conhecendo de tudo um pouco. Que entendam aonde eles vão ser “felizes”, porque felicidade é fundamental, mas para ter felicidade você tem que ter uma realização profissional de acordo com seu objetivo. Entender que garra, resiliência, erros e acertos acontecerão no meio do caminho. Uma premissa fundamental, é saber aonde você quer chegar!
“Uma premissa fundamental, é saber aonde você quer chegar.”
Fotos: Divulgação
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