Entrevista com Sophia Alana

Você sabe como manter o equilíbrio diante da adversidade?

No Perfil Business Case desta edição, evidenciamos a trajetória da Dra. Sophia Alana, que nos relata como superou as dificuldades encontradas no caminho da sua construção profissional e como elas serviram de alicerce para a ascensão da sua carreira. Confira!


“A minha trajetória foi muito difícil. Foi muito complicado para poder finalizar minha graduação. Em 2015 eu iniciei a faculdade de odontologia com bastante dificuldade financeira, não tinha condições nenhuma, mas eu comecei.
Quando eu estava no meio da graduação, eu descobri que estava grávida de quatro meses.

Aquilo me deixou muito desesperada porque, eu pensava: “meu Deus! foi tão difícil chegar até aqui! e agora como eu vou continuar? grávida não tem como!” Porque a odontologia é uma graduação que requer muito da gente, tem muita atividade de estágio externo, clínica e atividade prática. Então, no primeiro momento, me bateu um desespero em pensar como que eu poderia fazer para não desistir.

Então, fui até o coordenador da faculdade falei pra ele que eu estava grávida e que não podia parar a minha faculdade - inclusive era financiamento estudantil - não podia perder aquela oportunidade que foi muito difícil de conseguir e precisava continuar. Ele falou para mim: “Olha, por mim você não precisa parar o curso não, você pode continuar”.

Eu fazia faculdade aqui em Brasília e a minha família não era daqui, não tínhamos nenhum familiar aqui, então foi me batendo um desespero, mas eu segui em frente.


À medida que a barriga foi crescendo e ia tendo muito laboratório e clínica, eu sentia muito cansaço, muito desespero, mas eu segui firme. E o pessoal falou: “Quando ela nascer não vai ter como você continuar” eu falei: “mas eu não vou desistir!”

Na época passávamos por muitas adversidades, dificuldades financeiras, a ponto de a turma da faculdade sair para almoço, lanche ou janta e eu nunca poder participar porque eu não tinha condições. Só podia se alguém pagasse alguma coisa pra mim, sempre eu tinha que ficar de fora.

Foram muitas vezes que sai de casa sem ter dinheiro para comprar um lanche na faculdade, um pão, um salgado que fosse de R$ 2,50. Algumas vezes, de longe, a minha vó mandava um pouco de dinheiro pra poder nos ajudar, eu e meu esposo passávamos por uma situação muito difícil.


“Eu encontrei forças em Deus, forças em algumas pessoas,
pra poder seguir, porque eu não aguentava mais aquela situação em que eu vivia,
de passar necessidade.”


Eu ia de ônibus com uma barriga gigante e tinha que levar uma mala de 23 quilos cheia de material pesado e passá-la pela catraca do ônibus, algumas vezes, recebia ajuda, outras não. Eu morava há uns 30 km da faculdade e tinha que levar aquela mala pesada, não tinha outra maneira. Meu esposo tinha um carro, mas era muito caro abastecer, eu tinha o cartão estudantil e tinha que ir daquela forma. Teve uma vez, inclusive, que eu estava no ônibus com a mala e já estava de oito pra nove meses de gestação e numa freada e eu bati com a barriga, fiquei muito desesperada porque já estava no final da gestação, não podia sofrer nenhum acidente, mas eu continuei.

E quando foi perto de ganhar a neném eu me mudei um pouco mais longe da faculdade, 40 a 50 km de distância e tinha que sair de casa as 4 horas da manhã pra poder estudar. Eu tinha estágio à tarde, daquele mesmo jeito, complicado, mas foi indo.

Quando ela nasceu eu estava de férias e com 20 dias a minha aula retornou, eu falei: “eu não vou desistir!” Levei ela pra faculdade, então todos os meus colegas me ajudavam na aula, quando eu tinha prova os meus professores e colegas seguravam ela no colo, quando tinha laboratório e clínica para atender lá na faculdade, às vezes, os próprios colegas, até de outros cursos, se disponibilizavam a ficar com ela no momento em que eu precisava atender paciente.

Era um ambiente com muita bactéria, não podia entrar com ela, então todo mundo se disponibilizava e me ajudava. Ela era uma criança que tinha muita cólica, chorava muito, muitas e muitas vezes ela chorou a madrugada inteira e quando eu olhava no despertador já era a hora que precisava levantar e pegar o transporte pra faculdade.

Então, muitas pessoas me falaram: “você é louca em trazer criança desse tamanho pra faculdade”, “você é louca, você deveria trancar o curso e depois retornar”, mas eu sabia que aquela era a oportunidade que eu precisava pra ter sucesso um dia na vida, pra poder vencer, pra poder mudar aquela situação que eu estava vivendo, sabe?
Então, eu encontrei forças em Deus, forças em algumas pessoas, pra poder seguir, porque eu não aguentava mais aquela situação em que eu vivia, de passar necessidade.

Ela foi comigo pra faculdade até os sete meses, não levei mais porque foi o momento em que ela começou a gritar e atrapalhar a aula. Conseguimos colocá-la numa creche perto de casa, mas ela era a ‘mascotinha’ da turma, todo mundo conheceu, todo mundo ajudou.


Eu sou muito grata as pessoas que estiveram no meu caminho nesse período, muito grata a Deus, ao coordenador, ao meu esposo, a minha avó, minha mãe, que se disponibilizavam a sair da cidade delas, de vez em quando, e ficavam com ela lá dentro da faculdade. Enquanto eu fazia estágio num posto de saúde, meu esposo ficava do outro lado da rua embaixo de uma árvore, porque o sol era muito quente, esperando a hora de dar mama, ele me ligava, eu saia do posto amamentava, voltava, ele ligava de novo, eu ia lá e voltava, e assim eu fui passando esses períodos que eram mais complicados.


E hoje, graças a Deus, eu já tenho dois anos de clínica própria. Trabalhei um ano em clínicas de outros colegas pra pegar experiência, com um ano eu já montei a minha clínica e já estou indo pro terceiro ano de clínica própria.
Hoje, graças a Deus, eu tenho uma estabilidade financeira, tenho tudo que eu quero, tenho conquistado os meus sonhos, os meus projetos, o meu carro, minha casa, o meu cavalo, que era um sonho e hoje eu tenho.

Não posso reclamar de nada, porque eu venci! Eu decidi lá atrás a continuar. Eu poderia ter ouvido aquelas pessoas que falavam que eu era louca, que eu não ia conseguir chegar, mas eu já estou, graças a Deus, me preparando inclusive para abrir a segunda clínica aqui no Distrito Federal.

A mensagem que eu deixo é que as pessoas não podem desistir no momento de dificuldade. Pois, é esse momento que vai te fortalecer - até pra você dar valor quando tiver dinheiro, quando tiver conquistas, quando tiver sucesso – tudo veio daquele momento que eu valorizei.

O que eu tenho hoje, eu valorizo muito. Tudo eu valorizo muito!
Então, foram os momentos em que eu passei dificuldades que me fizeram forte, pra eu ter o que eu tenho hoje, pra eu estar aonde eu estou hoje.
E hoje, graças a Deus, eu me considero uma pessoa de sucesso, pela minha trajetória e pelo lugar aonde eu cheguei!”


“Não posso reclamar de nada, porque eu venci! Eu decidi lá atrás a continuar.”


 


“O que eu tenho hoje, eu valorizo muito. Tudo eu valorizo muito!”



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