Com certeza, dentre os maiores desejos do ser humano está a longevidade saudável!

Todos sonhamos em usufruir o máximo possível da companhia das pessoas que amamos, acompanhar a história de vida dos nossos entes queridos, aproveitar as belezas da natureza, sem falar da ideia de finalização de projetos que abraçamos e que são infindáveis!

Mas não basta somente viver por mais tempo, trata-se de viver bem, viver com saúde.
O processo do envelhecimento é complexo e ocorrerá de maneira mais saudável a depender dos componentes familiar e genético, além do equilíbrio metabólico-hormonal e estilo de vida, mas isso talvez você já saiba.

O que você provavelmente não sabia é que parte deste processo de envelhecimento saudável depende da comunidade de microorganismos que vive no nosso intestino, a microbiota intestinal, esta que sofre mudanças aceleradas a partir do final da idade adulta.

E de que forma a microbiota influencia nosso envelhecimento?

A nossa microbiota desempenha funções importantes como regulação do metabolismo e imunidade, além de funções neurais e cognitivas. A microbiota saudável, que seria definida como diversidade e abundância de microorganismos, produz no nosso intestino, através da fermentação de fibras alimentares, produtos anti-inflamatórios e antioxidantes que servem também como principal fonte energética para as células intestinais, como os ácidos graxos de cadeia curta, principalmente o butirato. Sabemos que a base das doenças do envelhecimento são os processos inflamatórios crônicos. Portanto, perder o equilíbrio desta microbiota, o que significa disbiose intestinal, seria favorecer esses processos inflamatórios que levam à doenças.

Também, estuda-se muito sobre o “eixo cérebro-microbiota-intestino”, um eixo bidirecional, de mão-dupla, que nos mostra que inflamação intestinal é igual a inflamação cerebral. Mudanças na comunidade microbiana intestinal têm sido associadas à distúrbios inflamatóriosneuro-degenerativos como demências, doença de Alzheimer ou Parkinson.

Situações como queda da imunidade, infecções urinárias e pulmonares, todas com ocorrência maior em idosos e centenários decorrem também de desequilíbrios importantes devido ao envelhecimento. Devemos lembrar que cerca de 80% do nosso sistema imune está localizado no nosso intestino e comunica-se amplamente com nossa microbiota. A disbiose que ocorre no envelhecimento afeta o sistema imune, o qual pode apresentar-se debilitado e com função inadequada.

Este mesmo sistema imune em parceria com a microbiota saudável também pode inibir invasão e expansão de células tumorais. Portanto, microbiota e sistema imune saudáveis trabalham para impedir processos inflamatórios, autoimunes e cancerígenos.

Para manter a atividade da microbiota saudável temos os exercícios, alimentação com fibras e variada, aumento de contato social, ou seja, sair e encontrar amigos e aulas de dança, estas são maneiras de estimular uma microbiota em envelhecimento, ela ficará mais diversa e abundante.

Probióticos específicos, enriquecimento da microbiota com bactérias produtoras de ácidos graxos são algumas das opções em estudo para turbinar o intestino do idoso. Em um futuro próximo saberemos qual o tipo de bactéria necessária para otimizar cada sintoma ou queixa, ainda não descobrimos essa assinatura microbiana ideal.

A microbiota intestinal trabalha para manter nossas funções neurais, cognitivas, metabólicas, imunológicas e ósseas, todas de significativa importância para uma longevidade saudável.
Portanto, investir na saúde desses microorganismos é um dos mecanismos para a nossa saúde a longo prazo.

Dra. Loana Heuko Valiati

Residência de Cirurgia Geral;
Fellow no laboratório de motilidade gastrointestinal Würzburg – Alemanha;
Residência de Endoscopia Digestiva no Hospital Nove de Julho -São Paulo;
Fellow em Endoscopia Terapêutica na ClínicaAlemanha– Chile;
Especialidade Médica em cirurgia geral, endoscopia e medicina do esporte.

@draloanahv