Vitimização é uma tortura torturante
Vitimização é um mal muito perigoso. A pior de todas as doenças, pois um ser humano que fica viciado em se vitimizar perante o mundo, termina por acreditar e transformar esse reino das percepções em realidades nuas, cruéis e dolorosas.
O problema de quem pega paixão por autovitimização não está somente nos danos que causa a si próprio, que são tenebrosos, como o pior de todos, viver a busca de motivos que justifiquem sua crença atroz. E não importa onde estiverem, com quem, e como, sempre encontrarão bons e ótimos motivos para exercitarem o jogo de “vejam como eu sou uma vítima”, é claro, irão sempre identificar os “culpados”, os outros, um sistema, ou pior, uma raça humana para colocar a culpa e obter um tenebroso sentido pelo qual “vale a pena viver”.
O drama da vitimização termina por ser de uma tortura espantosa para pessoas com quem o “sempre vítima” vive. Um desenho animado antigo, o Hardy a hiena, amigo do Lippy, dramatizava o personagem “azarado e vitimizado”. “Oh, vida! Oh, céus! não vai dar certo!”. Então, aquele que ama se vitimizar termina por ser um cruel “vitimizador”. Provoca estragos terríveis em filhos, familiares, e nas pessoas que diz amar.
Porém a vitimização também pode ser usada como um jogo de dominação de grupos humanos, e mesmo de nações inteiras. Isso fica notório e evidente quanto mais observarmos o líder, seja de uma empresa ou de um país, utilizar essa síndrome de vítima, acusando outros, terceiros, situações as quais, e por isso, esse “fake líder” não consegue realizar as falsas ilusões prometidas aos seus liderados: “eles não me deixam”.
Então, escondida na arte da vitimização, encontramos as guerras e as piores atrocidades, como campos de extermínios industrialmente desenvolvidos para exterminar “aqueles” que são os culpados pelos nossos infortúnios. Dessa forma como numa guerra apocalíptica, eu, nós as “vítimas deles” para nossa “legítima defesa e proteção”, vamos “exterminá-los” antes.
Quer dizer, vítimas que se saciam criando vítimas. Essa roda de sacrifícios intermináveis explica o inferno na terra, com torturas e sofrimentos que surgem e ressurgem de ciclos em ciclos. Quer dizer, a estratégia da “vitimização” é uma grotesca e torpe forma de comando e liderança.
Entretanto, toda forma de vitimização vil não dá certo. Dá azar para quem a pratica de forma consciente ou inconsciente. Basta ver a história e seus resultados, a partir de um crescimento da “guerra de vítimas” criadas para estabelecer um falso poder, ocorre o desmoronamento desse projeto. Então, passamos a entender os passos lentos mas inexoráveis da evolução humana na terra.
Existe um momento em que você é uma vítima? Sim. No meu caso, aos quatro anos de idade uma lata de cera fervendo destruiu o meu rosto. Ali existia um momento vítima. Qual a diferença para então a “vitimização”?
Seria fazer daquele momento vítima, uma estratégia de vida me vitimizando e colocando a culpa em quem arremessou a lata de cera fervendo, e me transformando numa vítima infeliz para todo o sempre. E, naquele acidente, poderiam meus pais adotivos terem transformado aquele momento vítima, numa eterna vitimização pelo que eles, acidentalmente, causaram.
Liberdade para deixar de ser uma “vítima”, a maior de todas as superações humanas, pois a vitimização é uma tortura “torturante” para si próprio e para os outros.
São os que “crucificam crucificados”!
José Luiz Tejon
Palestrante, professor e autor
Gestão de vendas, marketing em agronegócio, liderança, motivação e superação humana.