DEFI e TOKENIZAÇÃO podem alavancar o Agronegócio Brasileiro,
mas o governo precisa se voltar mais para o setor produtivo e menos para os interesses dos bancos.
O agronegócio brasileiro pode ser uma referência internacional no tocante à realização dos objetivos de desenvolvimento sustentável fixados pela ONU, as conhecidas ODS, afastando argumentos protecionistas de alguns países europeus, tal como os recentemente invocados pelo Presidente da França contra o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
Porém, para isso deverá substituir os Bancos como principais agentes intermediários na concessão de crédito, pela disruptiva tecnologia das finanças descentralizadas, a qual está baseada na blockchain.
Inclusive, em documento que foi recentemente emitido pelo Fórum Econômico Mundial, a blockchain é descrita como “uma ferramenta poderosa que pode fornecer amplitude e profundidade aos esforços de mitigação e adaptação climática ao democratizar a propriedade, melhorar a transparência e integridade, e possibilitar visibilidade em tempo real nos esforços de redução e sequestro de emissões”.
Em termos mais simples, tal como noticiado pela revista Exame, o que o Fórum Econômico Mundial quer dizer é que “a blockchain pode ajudar a combater as mudanças climáticas”.
Basicamente esses foram os principais argumentos defendidos por nós durante o Fórum Brasil de Gestão Ambiental, o mais relevante evento socioambiental do país, onde tivemos a honra de palestrar em quatro painéis, e que contou com forte presença internacional, como a do embaixador da Índia.
Além disso, pudemos destacar que o “gap” entre o setor produtivo e o setor financeiro tradicional, responsável pelos desajustes cíclicos entre os movimentos econômicos e os ciclos do agronegócio, pode ser mitigado ou até mesmo eliminado, mediante integração das finanças descentralizadas, conhecidas pela sigla DEFI, com a tokenização de ativos reais conectada à Internet das Coisas e à inteligência artificial.
A razão para isso é que combinando essas tecnologias é possível, mesmo para o pequeno produtor rural, conseguir novas formas de crédito customizadas às particularidades de sua atividade.
Não temos como entrar aqui em detalhes sobre todo esse processo, no que remetemos o leitor ao nosso site https://lopesezorzo.com, onde poderá ser encontrada uma ampla gama de informações, inclusive técnicas, sobre o assunto.
Todavia, muito embora os custos relativos ao uso dessas tecnologias sejam relativamente baixos se comparados aos processos creditícios tradicionais, o governo brasileiro tem optado por fortalecer a intermediação financeira, mediante a criação de projetos como a DREX, retratada por nós em nossa coluna na edição anterior.
Certamente diante de novas tecnologias capazes de desburocratizar os processos, eliminando intermediários, incluindo os financeiros, o melhor caminho não deveria ser o do fortalecimento da intermediação, aumentando os custos para os produtores rurais.
Contudo, essa tem sido a política adotada pelo governo, a qual precisa ser urgentemente revista sob pena de, mais uma vez, perdermos o bonde da história.
Marcella Zorzo
Advogada especializada em direito empresarial, contratos e propriedade intelectual, com expertise em tecnologia blockchain e web3 para ajudar empresas na proteção de dados pessoais e na tokenização de ativos e Influencer Digital @marcellazorzo
Advogada especializada em direito empresarial, contratos e propriedade intelectual, com expertise em tecnologia blockchain e web3 para ajudar empresas na proteção de dados pessoais e na tokenização de ativos e Influencer Digital @marcellazorzo