Entrevista com Marcelo Germano

Empreendedor e criador do Método EAG - Empresa Autogerenciável

Marcelo Germano é empresário há mais de 25 anos e dono de cinco empresas de diferentes segmentos.
Criou o método Empresa Autogerenciável, para ajudar os donos de pequenas e médias empresas, que estejam vivendo no caos com os seus funcionários, a conquistar uma equipe que não dependa dele para funcionar.
Esse propósito surgiu após ele conquistar as 4 LIBERDADES, quando construiu uma equipe Autogerenciável no seu próprio negócio.

Confira a entrevista!

Fale sobre a sua infância e formação de princípios. Quem foi seu principal orientador, referência na sua vida?
Eu venho de uma família simples. Minha mãe é nordestina, meu pai do interior de São Paulo. Os dois vieram para São Paulo muito cedo e eram de origem bastante humilde mesmo. Minha mãe veio para São Paulo em um pau de arara. Meu pai ficou órfão de pai e mãe quando tinha nove anos.

Eles tiveram uma vida bastante dura, não tiveram oportunidade de estudar. Quando eu era pequeno, minha mãe fazia questão de que a gente se dedicasse ao estudo. Porque eu estou falando isso? Porque o que moldou minha vida e me fez atingir os resultados que eu atingi, foram os estudos.

No começo eu não gostava muito de estudar, mas, depois com o tempo, eu fui pegando o gosto de estudar e aprender.
Além disso, eu tive um exemplo muito forte, quando eu já estava na faculdade e minha mãe já tinha mais de 40 anos, ela resolveu voltar a estudar. Então, ela fez supletivo para terminar aquilo que a gente chamava de primário/ginásio, e depois ela fez magistério no colegial e foi cursar faculdade. Começou a faculdade, teve que parar e depois retornou e terminou o curso de Pedagogia. Para mim, isso também se tornou uma grande referência de vida, então, foram meus pais e principalmente ela, minha mãe.

Eu comecei a trabalhar com 13 anos, como eu disse, temos origem simples, não passamos necessidade, mas morávamos num lugar que acontecia muita enchente. A gente fala assim: “O pobre fala que não tem nada, quando vem uma enchente ele fala que perdeu tudo”. Mas a gente sempre teve casa própria, às vezes a gente saia para ir à escola, chovia, dava enchente, quando voltávamos não conseguíamos entrar em casa. Depois quando entravamos em casa, não tinha nada. Não tinha geladeira, fogão, cama, não tinha roupa não tinha comida, perdia tudo, literalmente tudo.

Isso me gerou uma certa indignação de querer sair daquela situação. Com 13 anos comecei a trabalhar com meu pai em seu escritório de despachante, depois fui trabalhar em outras empresas, voltei a trabalhar com meu pai novamente, até que em 1996 abri minha primeira empresa. Essa empresa não deu certo, acabei saindo da sociedade e depois a empresa fechou. Em 1998 abri minha segunda empresa.

Teve algum livro que o motivou a construir sua trajetória?
Ao longo da minha jornada eu peguei gosto pela leitura. Meu pai lia bastante gibi, almanaque, e quando eu era pequeno comecei a ler também. Na adolescência eu li bastante livro de romance. Como comecei a trabalhar cedo, eu ia de ônibus e como normalmente demorava bastante no trânsito, eu sempre estava lendo algo.Tem alguns livros que fizeram uma grande diferença na minha jornada, um deles é “Poder sem Limites” do Tony Robbins, esse era meu livro de cabeceira quando eu tinha 17 anos. O livro do Dale Carnegie, “Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas”, também foi durante muito tempo meu livro de cabeceira.



Mas também li livros como “O Maior Vendedor do Mundo”, “O Poder do Subconsciente”, alguns livros de autoajuda, principalmente quando eu tinha entre17 a 20 anos de idade. Depois já com empresa e passando por algumas dificuldades, um livro que me ajudou bastante foi “Você Pode Curar Sua Vida”, livro bom pra trabalhar muitas crenças. Depois tem um livro que é “O Mito do Empreendedor”, fui inclusive mentorado pelo Michael E. Gerber, depois de ler o livro eu entrei em contato e fiz uma mentoria com ele e pra mim esse livro tem muito a ver com gestão de pequena e média empresa. Eu fiz faculdade de Administração, fiz pós-graduação em Gestão Seguro e Previdência, comecei um MBA Executivo no Inspire, mas acabei abandonando porque eu entendi que não é pra dono de empresa, e isso não é uma critica, mas uma constatação. O livro o “Mito do Empreendedor” traz muito o real do dia a dia do empreendedor, coisas que a gente não aprende na faculdade. Então, esses foram os livros que influenciaram minha carreira.

Você atualmente gerencia cinco empresas, o que elas têm em comum, e quais são as diferenças entre elas?
Na verdade, são quatro empresas mas a gente fala cinco porque eu tenho a Lumma Gestão em São Bernardo do Campo e a Lumma Gestão em Minas Gerais, no final é como se fosse a mesma empresa, porém, são dois CNPJs. Também, tenho uma fábrica de software que é a Techslab Soluções Tecnológicas, a importadora Connect Import e a EAG Empresa Autogerenciável.

O que essas empresas têm em comum? Nós temos alguns processos pra tudo que a gente faz. Fazemos reuniões semanais para avaliar o desempenho e resultado, fazemos um trabalho de cultura muito forte, um dos pilares do método EAG é a cultura organizacional. O acompanhamento dos números, olhamos os números semanalmente, os dados financeiros, os principais indicadores dos nossos negócios. Então, isso temos bastante em comum e o foco na cultura, uma cultura de resultado, voltada para a eficiência, para o crescimento. Isso todas têm em comum.

Sobre as diferenças, são empresas de segmentos muito diferentes. Duas empresas são ligadas à gestão e documentação de veículos e de frotas, uma é fábrica de software, outra é uma importadora e outra é uma empresa de educação e treinamento .A importadora é uma empresa que tem estoque, já as outras são prestadoras de serviço. A adequação da cultura ao sócio também tem um pouco de diferença. Na empresa de tecnologia, por exemplo, por conta da cultura dos Dev, temos uma mesa de bilhar, a galera trabalha um pouco mais descontraída, digamos assim.

Outra característica é que o pessoal gosta de trabalhar à noite, é um pouco diferente da rotina das outras empresas que têm horário de atendimento e são mais processuais do que a empresa de tecnologia. No EAG, a gente procura trabalhar bastante a questão da energia, que é onde eu dedico a maior parte do meu tempo. A nossa empresa é lugar de gente feliz,felicidade dá lucro, as pessoas felizes acordam melhores, produzem mais, sorriem mais e aumentam o resultado da empresa. Então, eu gosto de dizer que a empresa é lugar de gente feliz!


Fale sobre o Método EAG.
O método do EAG, foi se solidificando ao longo do ano. Quando começamos em 2015, tínhamos três pilares: Cultura, Liderança e Gestão. Mas conforme começamos a atender os donos de pequenas e médias empresas, fomos entendendo que ele precisava entender de finanças. Então, dividimos gestão e finanças, porque no final é tudo é gestão, gestão da cultura, gestão de pessoas, a gestão em si, a parte de processos e indicadores, mas temos, especificamente, gestão financeira e o que chamamos de tração, que seria gestão do marketing e vendas. E outra coisa que fomos aprendendo ao longo do tempo, trabalhando com pequenas e médias empresas, que a empresa é o reflexo do dono, e trouxemos mais um pilar, completando seis pilares, que são:

Domínio Pessoal

Se não trabalhar a mentalidade do dono, sua inteligência emocional, seu domínio pessoal, pra entender que ele pode lidar com os fatos, que a gente não controla os fatos, a gente tem que controlar o que pensamos sobre os fatos e as nossas ações. Por isso, a questão da inteligência emocional é muito importante e por isso que a gente sempre fala que a empresa é o reflexo do dono, para o bem ou para o mal. A diferença da empresa que tem sucesso pra uma que não tem, normalmente é o dono.

Cultura Organizacional

Não se constrói nada grandioso se a empresa não tiver uma cultura organizacional muito forte, focada em resultados, em solução de problemas, em entender quais são os valores, os comportamentos daquela empresa, o que não é negociável na empresa. E não se constrói uma cultura forte com uma liderança fraca.

Liderança

Eu gosto de dizer que líder que é líder bate meta com o time fazendo certo. Então, os donos de empresas, os líderes que trabalham nessa empresa, têm que ter esse foco, têm que ter um objetivo em mente, uma visão muito clara de onde quer chegar e trazer as pessoas certas pro time, treinar, inspirar a fazer coache fazendo o certo, seguindo uma cultura focada em resultado, uma cultura de integridade, de honestidade intelectual.

Gestão

Não dá pra você ter uma empresa e não cuidar da gestão como um todo. E pra cuidar da gestão é imprescindível que se tenha processos, indicadores de processos e rituais semanais, mensais, trimestrais, semestrais e anuais de avaliação de resultados e fazer os planos de ações efetivos pra entender que a empresa está atingindo os resultados.

Finanças

Eu gosto de dizer que no final do dia os números não mentem. Os números dizem se você tem um bom domínio pessoal, se a cultura da sua empresa é boa, se a sua liderança é forte, se a gestão da empresa é eficiente. Aí tem um jargão que eu gosto de dizer que é: “faturamento é vaidade, lucro é sanidade e caixa é rei”. Então, além dos números mostrarem o quão eficiente a empresa é, a gente ainda tem que ter foco em gerar lucro e gerar caixa pro negócio.

Tração do negócio

É como a gente atrai clientes para a nossa empresa, a empresa não cresce sem o cliente, então, é como atrair clientes ou possíveis clientes, como convertê-los em compradores e como eu faço pra esses compradores continuarem comprando da minha empresa. Não adianta só adquirir clientes, tem que mantê-los e aumentar a base cada vez mais.
São esses os pilares que solidificam a metodologia.

Qual a função do capital inicial na fundação de uma empresa?
Depende muito do tipo de empresa. Quando comecei minha primeira empresa, ela precisava de pouco capital, já a segunda precisava de muito capital. E hoje, eu vejo as pessoas começando uma empresa, literalmente, com um celular na mão e mais nada. Então, a função do capital vai depender muito da empresa, mas de forma geral, pra uma pequena e média empresa tem que ter um capital inicial até a empresa atingir um ponto de equilíbrio, o que não acontece na maioria das vezes. Muitos empresários começam a empresa sem ter capital, porque o empresário é muito otimista, ele acha que já no primeiro mês vai faturar e conseguir pagar as contas e muitos já começam endividados. Hoje, com a experiência que eu tenho, sei que a empresa demora um tempo pra atingir o ponto de equilíbrio, são raros os casos em que a empresa já atinge o ponto de equilíbrio desde o ponto de partida. Então, a função do capital inicial é garantir a sobrevivência e a tranquilidade dos sócios ou do dono da empresa até que ela atinja o ponto de equilíbrio, pra começar a crescer, gerar caixa e dar lucro para a empresa.

Quais são os maiores desafios na criação de uma nova empresa?
O principal desafio na criação de uma empresa é fazer ela se tornar realidade. Muitas pessoas têm o sonho de abrir uma empresa, mas poucas pessoas têm coragem de pegar aquela ideia e colocar em prática e correr risco pra fazer a empresa acontecer. É lógico que, como a tecnologia se torna cada vez mais fácil empreender, e é possível empreender sem dinheiro e com o celular, eu acho que os principais desafios é ter inteligência emocional pra lidar com as frustações de um negócio. Ter uma empresa é encarar frustrações constantemente, frustração com o desempenho, com as pessoas, com os clientes, com as coisas que não acontecem na hora, do jeito e na velocidade que a gente precisa. Enfim, eu acho que esse é o maior desafio. Na parte financeira, muitas empresas quebram por problema de fluxo de caixa. Mas eu acho que a parte financeira é uma questão, muitas vezes, técnica e de conhecimento. Então, muitas pessoas começam a empresa sem ter conhecimento sobre finanças e acabam colocando os “pés pelas mãos”. Mas eu acho que o maior desafio mesmo, é ter a coragem de assumir o risco e começar um negócio.

As pessoas felizes acordam melhores, produzem mais, sorriem mais e aumentam o resultado da empresa. Então, eu gosto de dizer que a empresa é lugar de gente feliz.

“O principal desafio na criação de uma empresa é fazer ela se tornar realidade.”


 

 

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